Uso de ferramentas de IA já é uma realidade entre alunos. Instituições de ensino debatem adaptação ao processo.
Estudantes têm usado, cada vez mais, a tecnologia como aliada. Os aplicativos já fazem parte do dia a dia dos jovens que buscam uma melhor gestão do tempo para estudar e mais facilidade para realizar suas atividades. Com a popularização da Inteligência Artificial (IA), esta realidade tem se intensificado e gerado debates promovidos pelas instituições de ensino.
O período pré-vestibular é um momento que exige dedicação por parte dos estudantes, já que a preparação inclui o aprendizado de conteúdos de diferentes áreas. Para se sair bem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e outras provas, uma boa gestão do tempo pode ser um diferencial.
Nesse contexto, as tecnologias que contribuem com o processo tendem a ser usadas pelos alunos, como é o caso de aplicativos que ajudam a criar cronogramas para os estudos e a gerenciar o tempo de descanso.
Após a aprovação na universidade, os conhecimentos tornam-se mais específicos, e o uso de tecnologia também pode ser um facilitador, seja através da utilização do celular para escrever notas, tirar foto do quadro ou, até mesmo, acessar ferramentas de IA generativa, que ajudam na criação de textos, imagens, áudio e vídeos.
No Brasil, mais da metade dos universitários utilizam IA nos estudos, aponta pesquisa global realizada pela Chegg.org. De acordo com os acadêmicos que participaram do estudo, a tecnologia contribui para o entendimento de conceitos, ajuda a criar rascunhos de trabalhos e facilita a pesquisa de conteúdos.
A adesão dos estudantes vem levantando debates nas escolas e faculdades, uma vez que quem as utiliza pode adquirir uma vantagem competitiva na disputa pelo ingresso em instituições renomadas. No entanto, nem todos os jovens do país têm acesso à internet e aos dispositivos necessários para o uso das ferramentas.
Pesquisa realizada pela TIC Kids Online Brasil, divulgada no ano passado, revelou as desigualdades e os entraves, sobretudo, para crianças e adolescentes das classes D e E de acessarem à internet.
O ingresso em universidades públicas pode ser feito por meio da aplicação da nota do ENEM para o Sisu. O exame também pode ser utilizado para conseguir bolsas de estudos em faculdades particulares e para a participação no Programa Universidade Para Todos (ProUni) e no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
O uso de IA na vida acadêmica
Quando o ChatGPT foi lançado, em novembro de 2022, a primeira reação de parte das instituições de ensino foi repelir o uso da ferramenta. O diretor de desenvolvimento e inovação da College Unbound, Lance Eaton, foi um dos primeiros a rever a abordagem adotada pela instituição.
“Nossa reação imediata em relação à IA nos levou a proibi-la durante o semestre. Mas, posteriormente, começamos a observar as razões pelas quais os estudantes precisam dela”, afirmou Eaton em entrevista à imprensa.
Um documento elaborado por ele indica caminhos pelos quais os professores podem instruir os alunos no uso consciente das ferramentas de IA.
O debate sobre o uso de IA na vida acadêmica estende-se a diferentes departamentos, incluindo a área da saúde, como, aqueles que têm matrícula em curso de odontologia, medicina, farmácia e afins. Assim, é possível acompanhar como diversas profissões estão se adaptando às inovações.
Outro exemplo de apoio à IA generativa foi dado pela Universidade de Vanderbilt. A faculdade disponibiliza treinamentos e workshops para ensinar alunos e professores sobre as aplicações da tecnologia. O professor da instituição, Jules White, destaca: “Acho extremamente importante que estudantes, professores e ex-alunos tornem-se especialistas em IA.
Ela será transformadora em todos os setores em demanda. Por isso, precisamos fornecer o treinamento certo”.
Por outro lado, um estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revela que menos de 10% das escolas e faculdades têm diretrizes formais sobre o uso da IA. Para o diretor do órgão, Sobhi Tawil, “o resultado da pesquisa mostra que ainda estamos perdidos quando se trata de inteligência artificial e educação”.
Benefícios e desafios do uso de tecnologias nos estudos
Entre as ferramentas mais populares de IA estão o ChatGPT, da Open IA, e o Bing, da Microsoft. Desde o lançamento das plataformas, elas fazem sucessos entre os alunos. Os principais atrativos são o processamento de linguagem natural (PLN), que permite a criação de textos, e a capacidade de analisar uma grande base de dados com rapidez, o que possibilita a economia de tempo.
Além disso, há a possibilidade de desenvolver um método de aprendizagem personalizado. Com prompts adequados, é possível pedir as ferramentas de IA generativa que escrevem a matéria em formato de música, poema e outras opções.
Em contrapartida, a possibilidade de a ferramenta disponibilizar informações falsas, imprecisas ou com viés preconceituoso está entre as principais desvantagens. Esta é uma preocupação para 48% dos estudantes brasileiros que usam as plataformas de IA, segundo pesquisa feita pela Chegg.org.
Aplicativos que auxiliam os estudos
Apesar da popularização das ferramentas de IA, o uso de tecnologias para a educação não é algo recente. Há diversos aplicativos para smartphones que são utilizados pelos estudantes.
PhotoMath
O aplicativo é voltado para cursos que envolvem cálculos, como a formação em administração de empresas, economia e engenharia. A ferramenta é capaz de solucionar problemas matemáticos apresentando toda a resolução, e não apenas a resposta final,
o que contribui para o entendimento das questões.
A capacidade do app vai desde tópicos simples até mais complexos, incluindo raiz quadrada e trigonometria. Além disso, também é possível escanear os exercícios e enviá-los à plataforma.
Aprovado
O aplicativo ajuda na elaboração de um cronograma de estudos. Com ele, é possível acompanhar o desempenho sobre cada área de conhecimento, analisando o tempo de dedicação necessário para cada uma delas.
Dessa forma, o aplicativo expõe os pontos fracos e fortes do usuário, podendo ser usado por estudantes de nível médio, superior e concurseiros.
AppBlock
É usado para bloquear aplicativos e notificações no celular, evitando distrações. É um recurso capaz de aumentar a concentração nos estudos, uma vez que o aluno ficará impedido de acessar outros aplicativos como Instagram, Twitter e WhatsApp, por exemplo. O usuário é quem decide como será a limitação, podendo ser restrito a horários específicos ou até dias.
Evernote
É um aplicativo que permite criar e organizar as notas sobre os conteúdos. Além disso, também suporta a inserção de imagens, pdf e slides. Para facilitar a visualização, é possível separar as notas com etiquetas para cada matéria ou assunto abordado.