No cenário de fusões e aquisições (M&A), a avaliação precisa do valor de uma empresa é extremamente importante. Entre as diversas ferramentas de valuation disponíveis, o Modelo de Gordon é uma abordagem tradicionalmente usada para estimar o valor de ações com base em dividendos projetados (futuros).
O método surgiu para investidores calcularem o potencial de retorno em investimentos. Porém, ao longo do tempo, o Modelo de Gordon se revelou importante em operações de M&A, pois oferece insights valiosos sobre o valor de empresas-alvo e estratégias de fusões e aquisições.
Aproveite a leitura e saiba o que é Modelo de Gordon e como aplicá-lo e integrá-lo aos processos de M&A!
O que é o Modelo de Gordon?
O Modelo de Gordon, conhecido também como Modelo de Gordon-Shapiro, é um método para calcular o valor de uma ação com base na estimativa dos dividendos pagos aos acionistas de acordo com um crescimento a taxas constantes.
É um modo de calcular quanto vale uma ação hoje e, por isso, é usado por investidores que desejam receber dividendos regulares ao longo dos anos (renda passiva).
Porém, já adiantamos que dificilmente as taxas se manterão em um crescimento padrão em longo prazo. Por isso, é preciso ter cautela no uso do modelo, bem como analisá-lo junto a outras metodologias de avaliação de empresas pela renda .
De modo geral, o Modelo de Gordon se baseia em alguns conceitos:
- dividendos futuros: tem o objetivo de estimar os dividendos que uma empresa espera pagar aos acionistas no futuro;
- taxa de crescimento: considera a taxa pela qual esses dividendos devem crescer ao longo do tempo;
- Taxa de Retorno Exigida: usa uma taxa de retorno exigida pelos investidores, uma espécie de “juros” que eles querem ganhar.
Quais as características do Modelo de Gordon?
De acordo com o método, em mercados perfeitos, a política de dividendos afeta o preço da ação, pois ambos os fatores crescem de forma simultânea e na mesma direção.
Assim, existem características do Modelo de Gordon que baseiam seu conceito e cálculo.
Conheça as principais.
Foco nos dividendos
O modelo se concentra nos dividendos pagos pela empresa aos seus acionistas como a principal fonte de retorno para os investidores.
Além disso, o método afirma que os rendimentos crescem a uma taxa constante em longo prazo.
Taxa de Retorno Exigida
O Modelo de Gordon utiliza uma taxa de retorno (ou taxa de desconto) exigida pelos investidores para trazer os dividendos futuros ao valor presente. O valor reflete o risco associado ao investimento.
Modelo Simplificado
O método é uma abordagem mais simples para avaliar as ações, porque assume condições estáveis e previsíveis no crescimento de dividendos e no comportamento do mercado.
Uso em empresas estabelecidas
Pelo fato de basear as estimativas dos dividendos futuros nos resultados passados, é necessário aplicar o modelo em empresas mais maduras e estáveis, com histórico de pagamentos consistente, como as listadas na bolsa de valores brasileira, a B3.
Além disso, ao falar sobre as características do Modelo de Gordon, cabe destacar suas limitações.
A principal delas é a dificuldade de os dividendos crescerem a uma taxa padrão devido às oscilações do mercado econômico-financeiro. Dessa forma, é importante ficar atento e saber como usá-lo na avaliação de empresas.
Como usar o Modelo de Gordon?
Para usar a metodologia, é preciso seguir algumas etapas antes de aplicar sua fórmula.
Veja abaixo como usar o Modelo de Gordon!
- Reúna os dados necessários
- Dividendo atual: determine o valor do dividendo anual que a empresa paga atualmente aos seus acionistas.
- Taxa de crescimento dos dividendos: estime a taxa anual de crescimento com base no histórico passado ou em projeções futuras.
- Taxa de retorno exigida: defina a taxa de retorno anual esperada, considerando o risco do investimento.
- Aplique a fórmula do Modelo de Gordon
Com os dados em mãos, use a fórmula do Modelo de Gordon:
P0 = D1 / (r – g)
Em que:
- P0 = preço do ativo (valor atual da ação).
- D1 = dividendo por ação esperado para os próximos doze meses.
- r = taxa de desconto esperada pelos investidores.
- g = taxa de crescimento constante dos dividendos.
- Interprete o resultado
O valor P0 representa o valor presente da ação. E para entender se o resultado foi positivo ou negativo, é preciso comparar esse valor ao preço atual do ativo no mercado.
Se o P0 for maior que o preço atual de mercado, pode-se considerar a ação subvalorizada, ou seja, uma boa oportunidade de compra.
Caso seja menor, pode estar sobrevalorizada e não ser uma boa opção de investimento por enquanto.