Pesquisa mostra que 83% das empresas do setor avaliam o impacto da tecnologia como positivo.
A transformação digital no mercado imobiliário tem ganhado força com a adoção de ferramentas de Inteligência Artificial (IA).
De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, 19% dos executivos entrevistados já utilizam soluções de IA em suas operações. Além disso, 83% dos entrevistados avaliam o impacto da adoção da tecnologia na empresa como positivo.
O presidente da Abrainc, Luiz França, avalia que o setor imobiliário apresenta um grande potencial para expandir o uso de tecnologias e ferramentas de IA.
Ele ressalta que, para serem colhidos os benefícios desejados – como maior eficiência operacional, competitividade e liderança no mercado -, as incorporadoras precisam continuar investindo nesses avanços.
Estudos internacionais também reforçam essa perspectiva. A McKinsey Global Institute (MGI) estima que a IA generativa pode gerar entre US$ 110 bilhões e US$ 180 bilhões em valor para o setor imobiliário, ao otimizar processos, melhorar a jornada do cliente e abrir novos fluxos de receita.
Ferramentas baseadas em IA ajudam a automatizar tarefas repetitivas e precificar imóveis considerando fatores como localização, condição e previsibilidade de valorização. Esse nível de detalhamento auxilia corretores na hora da venda e clientes na tomada de decisão.
Interessados em comprar imóveis em Salvador, por exemplo, podem contar com sistemas automatizados que recomendam propriedades com base em suas preferências, o que, por meio da personalização, acelera o processo de decisão e melhora a experiência do cliente.
Outra inovação para o setor é o uso de chatbots inteligentes, que têm revolucionado o atendimento ao cliente ao oferecer suporte 24 horas por dia, garantindo respostas às principais dúvidas.
Essas ferramentas agilizam a comunicação e permitem que os corretores foquem em atividades mais estratégicas, como negociações complexas e desenvolvimento de relacionamentos.
Inovação no planejamento e na construção
Além de beneficiar a compra e venda de imóveis, a Abrainc afirma que a IA otimiza o planejamento e a construção. Com o uso de dados e algoritmos, as incorporadoras conseguem planejar projetos mais eficientes e sustentáveis. Por meio de simulações energéticas, por exemplo, é possível reduzir custos operacionais e realizar projetos alinhados às demandas ambientais.
A tecnologia também tem tornado os edifícios mais inteligentes. Sistemas de automação residencial, controlados por IA, permitem que moradores ajustem ambientes de acordo com suas preferências. Já os sistemas de gestão de água e energia ajudam a reduzir o consumo e os gastos.
Impacto no marketing e na gestão de leads
O marketing imobiliário também tem sido transformado pela Inteligência Artificial. A criação de conteúdo dinâmico para redes sociais, a automatização de campanhas e o uso de algoritmos para analisar o comportamento dos consumidores são estratégias usadas pelo mercado.
Ferramentas de IA podem ajustar campanhas em tempo real, otimizando anúncios para alcançar o público-alvo. No caso de processos como um leilão de apartamentos em Sergipe, por exemplo, elas podem ser usadas para analisar dados sobre os imóveis disponíveis, recomendando oportunidades alinhadas ao perfil dos compradores e investidores.
De acordo com a Abrainc, isso é possível porque a análise preditiva de dados permite prever tendências e identificar padrões de comportamento do consumidor, o que possibilita que as incorporadoras adaptem suas estratégias com maior agilidade.
Substituição do trabalho humano é a maior preocupação com a adoção de IA
A substituição do trabalho humano foi apontado como a principal preocupação das empresas em relação ao uso de inteligência artificial no mercado imobiliário, segundo a pesquisa realizada pela Abrainc.
O fator foi mencionado por 17% dos entrevistados, superando outros desafios, como a qualificação da mão de obra (12%), a adesão e adaptação das empresas (9%) e a credibilidade e confiança (8%).
Em entrevista à imprensa, o presidente da Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI), Ricardo Abreu, destacou que a adoção da IA no setor não tem como objetivo substituir profissionais, mas sim capacitá-los para utilizar essas ferramentas e compreender sua importância. “A tendência é que todas as empresas se adaptem a esse novo cenário”, acrescenta.